quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Moonsorrow - Jumalten Aika (2016)


Moonsorrow - Jumalten Aika (2016)
(Century Media Records - Importado)


01 - Jumalten Aika
02 - Ruttolehto incl. Päivättömän Päivän Kansa
03 - Suden Tunti
04 - Mimisbrunn
05 - Ihmisen Aika (Kumarrus Pimeyteen)

Apesar de raro, existem no Metal algumas bandas com 100% de aproveitamento em seus lançamentos. Esse certamente é o caso dos finlandeses do Moonsorrow, que desde a sua estreia em 2001 com Suden uni, vêm enfileirando um clássico atrás do outro, com seu Pagan/Black Metal que, graças às influências de Folk, adquiriu uma sonoridade única e complexa. Após um hiato de 5 anos, desde o lançamento do primoroso Varjoina kuljemme kuolleiden maassa (sim, adotam sua língua pátria nos lançamentos), retornam com seu 7º álbum de estúdio, intitulado Jumalten Aika.

Uma das maiores e melhores características do Moonsorrow foi o de sempre empurrar seu limite mais para frente a cada lançamento. Sem fugir do seu Pagan Black Metal, nunca repetem um trabalho, sempre adicionando algo novo à sua mistura, o que não é diferente aqui. Durante a audição do trabalho, em vários momentos poderá escutar uma presença bem interessante de elementos xamânicos, seja no instrumental ou através de alguns cantos (cortesia de Jonne Järvelä, do Korpiklaani). Apesar de não ser algo escancarado e que fique excessivamente evidente, esses momentos estão lá presentes em algumas passagens mais atmosféricas.

O processo de canções mais longas que se iniciou em Verisäkeet (05), chega a seu ápice em Jumalten Aika, já que das 5 canções aqui presentes, 3 ultrapassam a marca dos 15 minutos, uma dos 12 e apenas Suden Tunti tem menos de 10, totalizando assim mais de 1 hora de música. Mas a qualidade é tanta que você sequer vê o tempo passar. A melancolia que sempre se fez presente em suas canções continua uma marca muito forte, estando presente durante toda a audição, assim como a complexidade de praxe. Aliás, me impressiona como apesar de forjarem temas complexos, com uma infinidade de detalhes a serem notados, as músicas do Moonsorrow fluem com uma naturalidade e facilidade ímpar.

Acho que sem exagero, posso afirmar que Ville Sorvali se encontra no seu auge vocal, soando mais emotivo e poderoso que nunca com seus urros. Seu trabalho no baixo também é primoroso e aqui seu instrumento soa ainda mais proeminente que em trabalhos anteriores. As guitarras de Henri Sorvali e Mitija Harvilahti estão soando mais poderosas que nunca, enquanto Marko Tarvonen destrói tudo em seu kit de bateria. Já Markus Eurén mostra sua já conhecida categoria nos teclados, gerando uma atmosfera bem sombria.



O retrato mais fiel de Jumalten Aika é sem dúvida a espetacular “Ruttolehto”, onde você encontra todas as características que fazem desse trabalho um clássico. De cara, arrisco dizer que a mesma é a melhor música já composta pelos finlandeses. Aqui você encontra Ville em seu ápice, transbordando emoção em seus vocais, com direito a gritos angustiados. Depara-se também com riffs totalmente Black Metal (com algumas reminiscências de Burzum), blast beats furiosos, coros e melodias grudentas. Também irá encontrar elementos Folk e trechos atmosféricos recheados de elementos xamânicos. Decididamente uma canção épica.

Mas não pensem que as demais canções ficam muito atrás. Já na abertura, temos a épica faixa título, com seus riffs bombásticos, refrão melódico e partes Folk/Xâmanicas. Apesar de ter quase 13 minutos, ela consegue soar muito direta e você mal nota o tempo passar. “Mimisbrunn”, com seus quase 16 minutos, por pouco não toma o posto de “Ruttolehto”, graças a seu peso, suas melodias intensas, seus trechos acústicos, flautas e certo toque orquestral. O encerramento com “Ihmisen Aika” também beira a perfeição, com seus vocais emocionais, passagens acústicas e melodia triunfante. É daquelas canções que vão crescendo minuto a minuto, finalizando de maneira épica o trabalho. A única canção que impede que Jumalten Aika seja perfeito é “Suden Tunti” (justamente a música de trabalho), a mais curta de todas, com seu ritmo marcial e todos os demais elementos que se fazem presentes no álbum. Localizada bem no meio, serve como uma canção de transição entre uma parte e outra. Está longe de ser fraca e pode ser considerada melhor do que 90% do que é lançado sobre o rótulo de Pagan Black por ai, mas está um pouco abaixo das outras já citadas.

A gravação passou por três estúdios diferentes, o Finnvox, o Sonic Pump e o In The Woods, sendo que a mixagem foi feita pela dupla Henri Sorvali e Ahti Kortelainen (Sonata Arctica, Impaled Nazarene, Sentenced, Kalmah) no Tico Tico Studio. Já a masterização, ocorrida no Finnvox, ficou a cargo de Mika Jussila (Amorphis, Nightwish, Edguy, Moonspell, Stratovarius, Avantasia). Conseguiram deixar cada detalhe audível, mas sem tirar a agressividade e o clima sombrio necessário a um álbum de Pagan Black. Já a bela arte da capa é obra de Ritual (Impaled Nazarene, Ensiferum).

Mais uma vez o Moonsorrow não decepciona, lançando um trabalho primoroso e que pode ser considerado seu melhor trabalho até então, mesmo diante de uma discografia composta apenas de trabalhos clássicos. E em se tratando de uma banda que nunca se repete e sempre busca se renovar, fica a pergunta. Até onde podem chegar?

NOTA: 9,5

Moonsorrow é:
- Ville Sorvali (vocal/baixo)
- Henri Sorvali (guitarra)
- Mitija Harvilahti (guitarra)
- Marko Tarvonen (bateria)
- Markus Eurén (teclado)

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