quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Opeth - Sorceress (2016)


Opeth - Sorceress (2016)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)


CD1
01. Persephone
02. Sorceress
03. The Wilde Flowers
04. Will o the Wisp
05. Chrysalis
06. Sorceress 2
07. The Seventh Sojourn
08. Strange Brew
09. A Fleeting Glance
10. Era
11. Persephone (Slight Return)

CD2
01. The Ward
02. Spring MCMLXXIV
03. Cusp of Eternity (Live)
04. The Drapery Falls (Live)
05. Voice of Treason (Live)

Há 21 anos, o mundo conhecia Orchid, álbum de estreia dos suecos do Opeth, um trabalho indiscutivelmente original, que mesclava Death Metal e os guturais brutais de Mikael Åkerfeldt, com Prog (a maior parte das músicas supera a casa dos 10 minutos com facilidade), vocais limpos e partes acústicas. Ali já era possível perceber que estávamos diante de uma banda para lá de diferenciada e original. Ainda assim, nada poderia preparar os fãs para o que viria posteriormente.

A evolução do Opeth para o Rock Progressivo foi gradual, dando-se álbum a álbum, o que certamente a tornou menos traumática. Aos poucos os riffs Prog e os belos vocais limpos de Åkerfeldt foram tomando o espaço do Death e dos guturais, até resultar na completa extinção dos mesmos. Claro que muitos fãs se sentem saudosos do passado e de álbuns como Blackwater Park (01), Deliverance (02), Damnation (03) e Ghost Reveries (05), mas isso não tira o mérito de um trabalho simplesmente espetacular como Pale Communion, de 2014, onda a banda já soa completamente progressiva.

Após uma obra prima, como Pale Communion, a dúvida era de qual seria o próximo passo do Opeth. Mergulhar ainda mais dentro do Rock Progressivo? Um retorno a meados da década de 2000? Sorceress vem para responder isso e ouso dizer que a resposta é nenhuma das opções acima. Claro, não podemos negar a influência de nomes do Progressivo setentistas, mas podemos detectar uma influência mais de Blues Rock do mesmo período (Deep Purple e afins), algo que pode indicar o próximo passo evolutivo dos suecos. Uma prova disso é o maior peso presente na primeira metade do trabalho.


Após um breve prólogo acústico, “Sorceress” entra já com um riff de órgão muito legal, antes de ser substituído por uma guitarra pesada (dentro dos padrões atuais da banda). Possui um clima sombrio, algo recorrente em todo o trabalho. “The Wilde Flowers” entra em seguida, mantendo essa pegada, com bons riffs, um ótimo refrão, belo solo e um teclado muito bem encaixado (e que deixaria Jon Lord orgulhoso). A faixa seguinte, “Will o the Wisp”, quebra a sequência, guiado por ótimos violões folk e influência latente de Jethro Tull. Funciona muito bem. Ela é seguida pela intrincada e pesada “Chrysalis”, a melhor de todas as faixas do álbum. Aqui o Opeth mescla o tradicional, com influências de nomes como King Crimson e principalmente Deep Purple, graças ao duelo entre o órgão e a guitarra, e o moderno. Possivelmente é a música mais pesada de Sorceress. Aqui Mikael Åkerfeldt se supera em seu talento como compositor. “Sorceress 2” tenta seguir a linha de “Will o the Wisp”, com sua levada acústica, mesclada a algo de Genesis, mas infelizmente não funciona tão bem quanto. É um dos pontos fracos aqui. Curiosamente, ela dá início à fase mais calma do CD. Quando “The Seventh Sojourn” tem seu início, é inevitável não pensarmos em Page/Plant e em “Kashimir”. Os arranjos de corda e a cítara são muito bem utilizadas, dando um clima oriental à faixa, que soa diversificada e agradável. A sequência se dá com a tranquila “Strange Brew”, uma das mais desafiadoras e intrincadas músicas compostas pelo Opeth, mas que ainda assim possui uma melodia envolvente e um desempenho incrível do baterista Martin Axenrot. “A Fleeting Glance” mantém as coisas mais tranquilas e o clima bem denso, além de contar com ótimos corais. “Era” traz de volta o peso a Sorceress, sendo uma das mais fortes aqui presentes. Os teclados mais uma vez remetem a Jon Lord e não é exagero dizer que a mesma é similar ao trabalho atual do Katatonia. Encerrando, temos um dispensável epílogo, que nada acrescenta ao resultado final.

A Shinigami está lançando o mesmo em uma versão digipack muito caprichada, com um CD bônus. Nela encontramos mais duas faixas inéditas, “The Ward”, que mescla muito bem Prog e Jazz, com ótimas melodias vocais de Åkerfeldt e a agradabilíssima “Spring MCMLXXIV”, com ótimos violões e  Mikael novamente brilhando. Ambas, do meu ponto de vista, tinham espaço na versão normal de Sorceress. Além disso, temos três versões ao vivo, gravadas em setembro de 2015, no anfiteatro romano de Plovdiv, Bulgaria, em companhia da Orchestra of State Opera Plovdiv e do Rodna Pesen Choir, para  “Cusp of Eternity”, “The Drapery Falls” e “Voice of Treason”, que ficaram simplesmente fabulosas, já que tanto a orquestra quanto os coros acrescentaram mais profundidade às canções.


A produção foi uma parceira entre Åkerfeldt e Tom Dalgety (responsável também pela mixagem), o mesmo de Pale Communion e do EP Popestar, do Ghost, tendo ocorrido no Rockfield Studios, em Gales. Gravações adicionais também ocorreram no Junkmail Studios, em Estocolmo e no Psalms Studios, em Bath, na Inglaterra. Já a masterização foi realizada por John Davis, no Metropolis Studios, em Londres. Os arranjos de corda foram compostos por Will Malone (Black Sabbath, Iron Maiden, Depeche Mode), com as gravações dessas partes realizadas no RAK Studios, também em Londres. O resultado final disso tudo é uma produção perfeita, cristalina, que nos permite escutar cada detalhe mínimo da canções do Opeth, mas sem que as mesmas percam o peso. Já a capa mais uma vez foi um belo trabalho de Travis Smith, com quem trabalham desde Still Life (99).

Alguns irão amar, outros irão odiar, mas a verdade é que Sorceress é um grande trabalho, um álbum forte, sombrio, denso e pesado, do ponto de vista de sua atmosfera. Se tem alguns baixos aqui e ali, na maior parte do tempo o nível é alto e prima muito pela diversificação, além de fluir muito bem, de forma natural, algo que não ocorreu por exemplo, com Heritage (11) e até mesmo com Pale Communion em alguns poucos momentos. Equlibrando bem complexidade e melancolia com melodias fáceis e agradáveis, Åkerfeldt e seu Opeth acertam no alvo mais uma vez. Certamente um dos grandes lançamentos de 2016.

NOTA: 8,5

Opeth é:
- Mikael Åkerfeldt (vocal/guitarra)
- Fredrik Åkesson (guitarra)
- Martín Méndez (baixo)
- Martin Axenrot (bateria)
- Joakim Svalberg (teclado)

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